Silêncio é o Novo Luxo
Há alguns anos, se alguém me dissesse que iria trocar o barulho das luzes da cidade pela paz do campo, com direito a pernoitar num turismo rural, provavelmente ia rebolar a rir e voltaria a bebericar o meu mojito à beira-mar. Mas a vida dá voltas e consegue sempre surpreender-nos, se não, atentem! Recentemente, fiquei hospedada na Casa Tosca, em Fátima, e experimentei aquilo a que chamo de ‘New Luxury’ no Turismo. Acreditem, a minha noção de luxo nunca mais foi a mesma!
Em jeito de missão pela Fé que nos traz o 13 de maio em Fátima, e acompanhada por uma Colega de Investigação, resolvemos partir à descoberta da Casa Tosca com uma bagagem de expectativas, algumas roupas e muitas ideias preconcebidas sobre luxo. À chegada, deparámo-nos com um dos Alojamentos mais interessantes de sempre, com um design de fazer inveja e uma paisagem de tirar o fôlego! Para nos receber, estava Celina, a proprietária, de braços abertos para nos dar um abraço que (pasmem-se) soube a casa! E, claro, o Patrick, o seu braço direito, que nos recebeu que nem um Cavalheiro, blindado com um sorriso de orelha a orelha, daqueles que nos dão uma mistura de calor e aconchego.Foi, assim, uma das melhores recepções que já tivemos; um verdadeiro luxo, diria, porque isto de sermos envolvidas pela genuinidade é outro nível!
A Casa Tosca, em si, é uma jóia, sendo uma verdadeira homenagem à arquitetura e decoração locais. Embrenha-nos numa dança entre o passado e o presente, entre o antigo e o contemporâneo, entre as nossas gentes e as gentes do Mundo que ali deixam um pedaço das suas estórias. Da copa das Oliveiras milenares que ali habitam, aos lustres, o charme da pedra que reveste a casa, até aos móveis artesanais com direitos de autor (porque foi o Proprietário e a Família que os construíram) — já para não falar dos pequenos detalhes que contam histórias — reina a autenticidade, presente em cada (re)canto. Para alguém que gosta de glamour, fiquei com vontade de voltar!
O pequeno almoço foi um capítulo à parte... A Celina e o Patrick prepararam um café dos Deuses e um balcão de tentações que nos fizeram viajar por Portugal. Fomos dos ovos mexidos, ao queijos, ao pão, às frutas e compotas caseiras, num piscar de olhos que sorriam só de ouvir dizer que ainda existia um bolo do chocolate caseiro (leram bem! Caseiro!!). Estávamos no paraíso, um paraíso bem alimentado, diga-se de passagem! Esqueçam as fontes de chocolate e as torres de marisco. O verdadeiro luxo é saborear alimentos frescos, feitos com amor, servidos com um sorriso, acompanhados por uma estória.
Para mim, esta experiência redefiniu a minha ideia de luxo, e agora acredito que, este novo luxo, pode ser classificado segundo três pilares que encontrei na Casa Tosca: Paz; Silêncio e Experiência. Primeiro, a paz, porque este é um lugar onde o tempo parece parar, e a serenidade do ambiente envolve-nos completamente, fazendo com que não importe mais nada a não ser a tranquilidade de um pôr do sol sobre as colinas de Fátima para restaurar a alma.
Em seguida, o silêncio. A quietude na Casa Tosca que é quase tangível, contrastando em absoluto com o burburinho incessante da cidade. O som mais alto que ouvimos foi o chilrear dos pássaros pela manhã e, acreditem, isso é música para os meus ouvidos já que convivo diariamente com o barulho constante da cidade.
Por último, e não menos importante, a experiência! De notar que a Celina se dedica a proporcionar uma estada única, desde a personalização das atividades até as estórias sobre a região e as pessoas que a habitam, criando momentos que trouxemos connosco!
Entretanto, gostaria de partilhar que a sustentabilidade esteve na ordem do dia, pois a Casa Tosca coloca em prática diversas iniciativas. Desde a utilização de energia renovável, produtos regionais na confecção gastronómica e decoração (deviam ver os pormenores de tapeçarias e outras decorações que a Celina fez!), algumas coisas vão ver, porque é com orgulho que as partilho! E, verdade seja escrita, até nos produtos de higiene, temos desperdício zero!
Voltando ao design e decoração de interiores (sabem bem que adoro!), um outro aspecto que me chamou à atenção foi a riqueza da história (e estórias) de cada peça de mobiliário e materiais utilizados na construção da casa. Cada degrau de escada que subimos é trocado por uma informação que faz o rosto da Celina reluzir. Cada prato servido, cada sorriso trocado carrega uma história que contribui para a autenticidade e o charme deste lugar. Para mim, compreender estas narrativas enriquece ainda mais a experiência, e saí da Casa Tosca com a certeza de que o luxo não está nas coisas, mas sim nas experiências e nas pessoas.
Se quiserem adotar o conceito de ‘New Luxury’, fica a dica: invistam na autenticidade, sustentabilidade, personalização e, principalmente, na conexão humana.
Comentários
Enviar um comentário